A depressão é uma das principais causas de afastamento do trabalho. Destaca-se a importância da discussão das associações entre depressão e exposições na prática laboral. Especialmente considerando o trabalho agrícola e exposição a agrotóxicos a literatura brasileira é restrita na discussão de casos e nexos causais e aplicação deste conhecimento no atendimento multidisciplinar a estes trabalhadores. O objetivo deste foi discutir a associação entre a intoxicação por agrotóxicos e surgimento da depressão no trabalho agrícola. Trata-se de um estudo de caso que analisou um agricultor do interior do estado de Santa Catarina que tem experiência de trabalho plantando cebola e expõe-se ao contato com agrotóxicos, apresentando três afastamentos do trabalho pelo INSS para tratamento de transtorno de humor. A situação gerou três afastamentos médios até a época do estudo, sendo os dois primeiros de sessenta dias e o terceiro de noventa dias por transtornos depressivos graves. A partir da análise do caso e a ausência de fatores sabidamente conhecidos como gatilho para o desenvolvimento da depressão fez despertar para a possibilidade de estar relacionada à exposição ocupacional de agrotóxicos. A depressão como consequência do uso de agrotóxicos não tem recebido atenção necessária no contexto da saúde do trabalhador. As prática multidisciplinares se constituem em estratégias importantes com o intuito de ressignificar as atividades da vida do trabalhador depressivo e sua inserção na sociedade considerando os diversos papéis da vida do ser humano não apenas no trabalho.